Eu, robô?

Estamos sendo “atacados” por uma legião de influenciadores digitais virtuais. Tecnicamente, são chamados de Influenciadores de Inteligência Artificial, e eles não são apenas figuras virtuais com uma personalidade criada para entreter. Mais do que isso, são personalidades criadas com base em dados de consumo. E essas personalidades estão tomando conta da atenção da audiência virtual.

 

 

Mas, afinal, o que são os Influenciadores de Inteligência Artificial? Onde vivem? De que se alimentam?

Os Influenciadores de Inteligência Artificial são criados por CGI (imagens geradas por computador). Essa prática já era presente na criação de personagens para filmes, jogos de computador e videoclipes, e recentemente foi aplicada na criação de influenciadores digitais.

Eles não existem na realidade, ainda assim, são reais e capazes de conquistar fãs, construir uma audiência fiel e engajar até mais do que influenciadores de carne e osso, e uma das características mais importantes de um Influenciador de Inteligência Artificial é: a perfeição. Eles tem a capacidade de entregar e-x-a-t-a-m-e-n-t-e o que a audiência quer ver, e, por meio de aprendizado de máquina, a equipe por trás dessas celebridades analisa e aprende os hábitos do consumidor, direcionando suas ações.

Além disso, por serem “fabricados”, a grande vantagem para as marcas é que possuem liberdade de criação e controle quase que absoluto sobre suas personalidades e atitudes.

Mas, o que já é pauta de discussão férrea a respeito da dinâmica de atuação dos influenciadores digitais, com padrões de beleza e estilo de vida quase que inatingíveis, torna-se mais intenso o debate sobre a ética do marketing de produtos com modelos não humanos, assim como a questão de apropriação cultural ao criar influenciadores de diferentes etnias – rotulados por alguns como “blackface digital”.

E como entender algo que parece um delírio da sociedade: um personagem, que não existe de fato, ter poder de influência sobre a vida das pessoas?

A analogia que fazemos é simples: uma criança, até um certo ponto, acredita na existência dos seus personagens favoritos ou até mesmo os vilões dos desenhos animados. Nós, adultos, também! E eles existem em nós e são capazes de despertar nosso desejo e empatia.

A criação e popularidade desses influenciadores se encaixa bem no momento que estamos vivendo, com a ascensão do metaverso e comercialização de NFTs. Cada vez mais inseridos no universo digital, a preferência por relações virtuais também cresce, e, segundo um levantamento da PUC-RS, que busca entender e compreender o comportamento e as influências da Geração Z, 73% dos jovens acreditam que a convergência entre os universos físico e virtual é positiva.

Na verdade, nem faz mais sentido falar em físico e virtual como ambientes separados. Existe uma crescente intersecção entre eles, comumente chamada de figital (ou, no inglês, phygital – physical + digital), e já não é uma mais considerada uma tendência para o futuro, porque o futuro é agora.

 

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